quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Grunhenta, a porca que não queria virar torresmo

Grunhenta, a porca que não queria virar torresmo




Irlanda Silva Gino



Era uma vez uma porca que vivia com mais duas outras no mesmo chiqueiro. A única coisa que fazia era comer e engordar. Ela não vivia feliz naquela prisão. As outras não se importavam, achavam que tendo comida boa bastava para serem felizes. Mas a porca Grunhenta não se conformava com aquele destino. Queria mais, queria correr o mundo, conhecer outros animais da sua espécie, subir ladeira e descer vales, respirar ar puro e comer só o necessário para continuar viva. Não queria ficar obesa.

Um dia quando o seu tratador entrou no chiqueiro para colocar mais ração e água ela se esgueirou devagarinho até a saída e, aproveitando-se de um descuido dele, puxou o portão com o focinho e fugiu em disparada. Quando ele a viu, ela já estava longe. Tentou correr atrás, mas Grunhenta foi bem mais rápida e se embrenhou em um bosque. O homem não conseguiu achá-la naquele dia e nos dias que se seguiram.

Grunhenta quando já estava bem longe, cansada e com fome resolveu parar de correr e procurar algo com que se alimentar. Estava feliz com a liberdade e era com prazer que buscava seu alimento. Sentia que aos poucos emagrecia, pois tinha mais disposição para andar, subir ladeiras e correr pelos vales. Ficou até mais bonita. Concretizava seu sonho. Conheceu outros animais de sua espécie e se enamorou por um deles. Teve muitos filhotinhos. Deu liberdade a todos de viverem como bem entendessem. Ficava feliz em correr pelos campos, acompanhada pelo seu amado e pelos filhos. Ensinava a todos o seu ronc...ronc...

Essa era a Grunhenta, a porca sabida e esperta.

Nunca mais apareceu pelos lados onde vivia antigamente e pensava: “eu é que não queria virar torresmo no prato de nenhum homem.”

2 comentários:

  1. Irlanda,
    Adorei esta porquinha!!!
    Um exemplo de querer, lutar por seu sonho e conseguir realizá-lo.
    Fiquei imaginando como ela é linda...
    Amei a história.
    Você, como sempre, escrevendo e transmitindo para o leitor sentimentalidades, o que só as pessoas de alma leve conseguem fazê-lo.
    Beijo.
    Maria Tereza Belumat

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  2. Maria Teresa, que bom que você gostou da minha porquinha! Ela realmente foi muito esperta e decidida.
    Um beijo
    Irlanda.

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