quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sinal Vermelho

Parou no sinal. Olhou à sua direita e viu um homem que a olhava. Tentou adivinhar aquele olhar. Imaginou-o.

O olhar dele era desejo ou simplesmente curiosidade? Afinal, seu carro era atraente ao passo que o dele era velho e mal cuidado. Mas o dono não era de se jogar fora, tinha olhos verdes, penetrantes, nuances do mar.

Pensou no sinal, não demoraria acender o verde. Estaria ele com pressa, arrancaria na frente? E por que poderia isso interessá-la? São tantos os homens de olhos bonitos por aí... Mas aqueles eram diferentes e ela sabia que a queriam. Vulcânicos, cheios de calor, olhos que comiam com o olhar, bebiam com o fitar, falavam com o faiscar. Faziam perder a consciência, a noção do certo ou errado.

Mas para que pensar nisso, se aqueles olhos diziam tudo: da poesia que existe entre o céu e a terra, dos sons inebriantes de pássaros na natureza, do desejo incontido que habita a alcova entre lençóis bordados de linho.

Talvez aquele olhar fosse para o vinho do carro, mas ela preferia pensar que era para o branco do seu vestido. Que pudesse com facilidade transpor as barreiras e adivinhar as curvas do seu corpo, entregue a esses loucos pensamentos imaginários e eróticos, que a faziam por alguns instantes, esquecer-se do sinal luminoso.

Estava totalmente entregue à magia. Chegava a senti-lo sentado ao seu lado olhando-a com desejo.

O verde acendeu com toda sua luminosidade, apagando seus sonhos de amor.

Ele arrancou na frente, mas antes lhe lançou um último olhar com uma mensagem que pousou em seus olhos aflitos: “siga-me”. Cheia de emoção, tentou segui-lo, ele virou a primeira à direita.

Desistiu. Quem sabe, algum dia, num outro sinal ela pudesse revê-lo, esperaria que isso acontecesse. O mundo dá muitas voltas, com certeza iriam se encontrar.

Continuou ainda naquele devaneio porque aquele olhar havia penetrado em sua retina, sentado praça para ali ficar eternamente.

Virou a primeira rua à esquerda, abriu os olhos de repente. Na verdade, movimentou-se na cama para o lado esquerdo, seu coração estava acelerado e triste.

Foi tudo um sonho gostoso do qual não queria acordar, mas acordou.

3 comentários:

  1. Ei Irlanda querida!!!
    Seus textos são sempre encantadores; e eu corujamente me orgulho muito de voce!!! Adoro seus livros e tudo que voce escreve. Salve, salve!!! Beijos enormes!!! Com Amor, Bya Belumat.

    ResponderExcluir
  2. Ei, Irlanda!
    Que texto lindo!!!
    Você expressou magnificamente um sonho de amor que talvez seja assim tão perfeito, porque é apenas um sonho....
    Parabéns!
    Beijo querido.
    Maria Tereza Belumat

    ResponderExcluir
  3. Maria Teresa e Bya, me orgulho também de minhas leitoras, que bom que vocês gostaram!
    Beijos
    Irlanda.

    ResponderExcluir